terça-feira, 22 de junho de 2010

Era uma manhã como outra qualquer, não, não era, apenas parecia ser.
Naquela manhã do dia 06/04/2002 tudo mudaria. e realmente mudou.
Acordei com um telefonema, alguém me avisando que ele não estava mais entre nós. Atordoada, o chão se abriu e por muito tempo assim eu fiquei. Demorou muito pra que eu conseguisse entender o que aconteceu, como aconteceu e me resignar. 
Sim resignar, porque aceitar, acho que nunca.
Minha vida nunca mais foi a mesma, e com ele acho que enterrei uma parte dos meus sonhos de adolescente, um pouquinho do amor inocente de criança. Enterrei o sorriso gostoso de que ele tanto falava, o sorriso dos dentes todos.
Rodrigo era um ser especial. Uma pessoa incrível, de um coração enorme, de um carisma raro. Era uma eterna criança, cheio de vida, e se eu fosse dizer todas as qualidades que eu via nele, ficaria aqui, horas e horas e mesmo assim as palavras faltariam. Ele era ÚNICO.
Foi minha primeira paixão, meu primeiro namoradinho, foi com ele que aprendi o que são "borboletas no estômago". Foi meu amigo, confidente, irmão, conselheiro e mais foi com ele que eu aprendi que dinheiro, classe social, diferenças intelectuais, nada disso é capaz de afastar duas pessoas que realmente se amam.
Falar dele ainda não é fácil, dói como se tivesse acontecido hoje. Dói de uma forma que não sei explicar. A saudade, a tristeza e a indignação são as mesmas de 8 anos atrás.
Como toda pessoa intensa, ele quis sentir tudo intensamente. Conheceu um caminho sem volta, se envolveu com gente má, e foi essa gente que o levou de nós. 
Apesar de saber que foi ele quem escolheu o caminho que iria seguir, ainda penso que as coisas poderiam ter sido diferentes. Naquela época, pouco se falava sobre o assunto, tudo era muito novo, e ninguém sabia ao certo o que fazer pra ajudar. Ainda acho que eu poderia ter feito algo pra mudar o desfecho desta historia, mas prefiro pensar que foi melhor assim.
Ele sabia que eu o amava, sabia que daria sim, sem exagero nenhum, a minha vida por ele. Resolveu se afastar, dizia aos amigos mais próximos para cuidar de mim e nunca deixarem que eu fosse atrás dele. E assim foi, discutimos alguns meses antes dele morrer, propositalmente, para que eu estivesse longe dele, para que eu não fizesse nenhuma besteira. Sinto sua falta, sinto falta de nossas conversas, da sua risada, sinto falta do abraço gostoso que ele me dava, dele puxando meu cabelo, me irritando, me chamando de Magrela. Sinto falta do olhar que dizia tudo. Ele dizia que para morrer bastava estar vivo, dizia que tudo era uma questão de sorte. Ele não teve a tal sorte. A droga destruiu não só a vida de um menino de 17 anos, levou um pouco da minha também. Mudou a vida dos amigos, da família. Levou um pouco da minha alegria, e por algum tempo levou minha fé. Muitas vezes eu pensei que Deus tinha se esquecido de mim, pensei se ele me ama, como pode deixar acontecer isso com uma pessoa que eu amo tanto? Hoje eu entendo, Deus precisava de um anjinho torto por lá. Escolheu ele. Tenho medo, do esquecimento que o tempo impõe a minha memória, já é difícil lembrar da sua voz, do rosto... Mas nunca irei me esquecer que ele existiu.
Rodrigo faria ontem 25 anos, e dedico à ele esse texto. Espero que onde ele esteja, ele possa me ver, possa saber que eu sinto muito sua falta mas que tenho certeza de que a gente ainda vai se encontrar, quero que ele saiba que eu sei, que ele está presente sempre, sei que ele me protege nas horas em que o vazio que ele deixou aperta tanto que eu acho que meu coração vai parar. Sei que é ele que está aqui, ao meu lado, segurando minha mão, me ajudando a continuar na caminhada. São pequenos detalhes que eu não saberia descrever, tentaria dizer que era um amor que não cabia no peito, transbordava, trazia brilho aos olhos, dizer que foi lindo o que vivi com ele, e que ele estará sempre, sempre em meus sonhos, em tudo que eu viver de bom e de ruim, pois ele é parte de mim. Um amor sem limites, eu vivo por ele também.
Baixinho... amo-te além da vida.
"Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha,
é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra.
Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha, e não nos deixa só,
porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós.
Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova
de que as pessoas não se encontram por acaso."

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